sexta-feira, 6 de maio de 2011

Para um catador de pensamentos


São Paulo, 01 de Maio de 2011

Caro Senhor Rabuja,
Espero que o senhor esteja muito bem. E peço perdão pelo meio que esta carta chegou às suas mãos, sei que papel por baixo da porta de pessoas desconhecidas é pura falta de educação, mas é muito difícil encontrá-lo em casa. Aliás, reparei que o cheiro que vem do seu jardim é encantador!
Ouvi falar muito do senhor, e de suas histórias através de uma amiga de minha mãe. Monika Feth. Que mora num bairro muito tranqüilo, e que muitos desconfiam até de alguma mágica antiga que leva tanta calma para o lugar. Ela sempre está na janela de sua casa quando o senhor passa pela rua dela – confesso que pedi para esperá-lo qualquer dia desses na janela, mas ela disse que não poderia, por motivos que não explicou, alguma coisa sobre timidez... Monika tem muito medo que o senhor se zangue por este contato, mas ela sabe que minhas intenções são as melhores possíveis! E também, ela não me contou muita coisa, apenas o que era necessário para acalmar meu coração – que ainda está um tanto acelerado devido ao excesso de pensamentos.
Me chamo Wesley, e estou entrando no mundo adulto agora. O senhor se lembra do quanto isso é difícil? Estou fazendo o que eu sempre quis fazer: Estudando Comunicação Social, com especialização em jornalismo. E descobri milhões de mundos através das comunicações. Mundos que eu mesmo já imaginava, que já tinham me contado, e que eu sempre sonhei. E sei que ainda tem muita coisa que vou conhecer, descobrir e viver nessa área tão fascinante que é a Comunicação...
Pouco tempo eu tenho – mas disso nem me queixo, é assim desde o inicio do ensino médio. Alguns amigos se queixam, porque não tenho mais passado muito mais que minutos com eles, mas eu tento equilibrar tudo. Sabe? Além das aulas, atividades extras, e trilhões e trilhões de trabalhos e provas, eu faço um trabalho durante a semana, que é encantador. Nem gosto de chamá-lo de trabalho, prefiro dizer passatempo, ou alguma coisa assim.
Vou a algumas escolas, em que a equipe da qual faço parte, nota que existem certas carências. E aí entramos para tentar ajudá-las. Carência de soluções, carência de mágicas, e todos os tipos de carências que o senhor possa imaginar, e através de livros, contos, histórias, poesias, filmes, entrevistas com profissionais muito felizes (pessoalmente e profissionalmente) e muito mais, apresentamos o mundo para jovens, desde a quinta série, até o terceiro ano do ensino médio – esses jovens, que estão com o pé no mundo adulto também. E esse é um dos principais motivos do meu contato: Gostaria que o senhor conhecesse uma ou outra dessas escolas, e esses alunos especiais.
Tem muita coisa confusa na cabeça de muitos deles, tem também, muitos pensamentos desorganizados, e muitos que precisam urgentemente de atenção. Monika me disse, que o senhor não tem pressa, mas esses casos são de reais urgências. Quero muito conhecer o senhor, e também, quero que esses jovens (pra não usar o termo “crianças”, pois muitos deles não gostam...) tenham contato com o senhor, ouçam suas (incríveis) histórias...
Monika escreveu em um livro muito simples uma breve história sua. E ela me presenteou com uma cópia – esta, que tomei a liberdade de emprestá-la para minha mãe, e para uma tia muito querida, e muito próxima. O resultado da leitura delas, ou se me permite, a forma como elas te conheceram foi muito bonita. Primeiro, porque minha mãe trabalha em um hospital, na sala de parto, e no berçário – Sim! Ela ajuda algumas (muitas!) mamães a trazerem seus filhos e filhas ao mundo, e cuida deles até estarem prontos para irem para casa. E minha tia, trabalha com educação infantil. O senhor não faz idéia da importância que teve elas lerem sobre sua “profissão”.
Nós trabalhamos muito com profissões no Projeto em que eu faço parte, os Círculos de Leitura – como eu lhe disse um pouco antes na carta. Também fica aqui, o convite para o senhor nos conhecer, Seu Rabuja, que tem uma das profissões mais brilhantes do mundo!
Enfim, meu apelo, é que o senhor ajude mais os jovens com seus pensamentos. Que talvez, pelo tamanho da timidez dos pensamentos, estejam tão confusos e com pouco tempo de sono, e de sonho. Onde eu moro provavelmente o Catador de Pensamentos aqui tirou férias, ou se cansou de tentar. Ai, ai! Não gosto de pessoas que acreditam que tudo está perdido, ou que não acreditam mais na educação. Precisamos ser otimistas, não é mesmo? E ainda mais, precisamos arregaçar as mangas e fazer a nossa parte.
Bom, não quero mais tomar o seu tempo. Só peço que guarde este papel com carinho. Com o mesmo carinho que eu escrevi, e que acredito que ainda existam soluções para jovens desamparados.

O meu abraço mais forte,
Wes!

O CATADOR DE PENSAMENTOS, é um livro de Monika Feth, esta carta é ficticia, escrita para o personagem principal do conto, o Sr. Rabuja. Saiba mais

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